May 2021 7 39 Report
O que você acha do pensamento positivo e dos livros de auto-ajuda?

Veja a matéria: http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/2088/artigo1...

Abaixo a ditadura do pensamento positivo"

Escritora americana fala que, em vez de auxiliar, a corrente da autoajuda pode deixar as pessoas ainda mais culpadas e infelizes

por Maíra Magro

Na pele Barbara Ehrenreich conheceu o positivismo quando teve câncer

A jornalista e escritora americana Barbara Ehrenreich odeia o chamado pensamento positivo. A implicância começou quando foi diagnosticada com câncer de mama, oito anos atrás, e se viu bombardeada por pessoas, livros e sites afirmando que teria que encarar a doença com otimismo, pois poderia aumentar as chances de cura. O episódio resultou no livro "O Lado Ruim das Coisas: Como a Promoção Incansável do Pensamento Positivo Prejudicou a América" (tradução livre do original Bright- Sided: How the Relentless Promotion of Positive Thinking has Undermined America), que acaba de ser lançado nos Estados Unidos. A ex-colunista do "The New York Times" e da revista "Time" ampliou o campo de análise e constatou que o excesso de positivismo atrapalha a economia, a política e a sociedade como um todo, porque faz com que as pessoas fiquem mais individualistas, egoístas e, em última instância, infelizes. Aos 68 anos, divorciada, uma filha e dois netos, a premiada autora de 20 livros, que também assina grandes reportagens para a revista "Harper's", afirma: "O melhor a fazer quando se recebe um diagnóstico de doença grave ou se perde o emprego, por exemplo, é encarar a realidade, descruzar os braços e agir rápido. Aí sim o resultado poderá ser muito positivo." Na entrevista a seguir, Barbara, que vive em Alexandria, Virgínia (subúrbio de Washington), nada contra a corrente da autoajuda.

ISTOÉ - Por que a sra. odeia o pensamento positivo?

Barbara Ehrenreich - A primeira vez que tive contato com o pensamento positivo como uma espécie de ideologia organizada foi quando eu estava tratando de um câncer de mama, oito anos atrás. Estava em busca de informação e apoio, então entrei em todos os sites na internet, comprei livros, mas não encontrei o apoio que eu queria. Ao invés disso, recebi a instrução de que eu deveria ser muito positiva a respeito de minha doença. Que, na verdade, eu deveria tomála como uma coisa boa, que iria, no final, me tornar mais sensível, mais espiritual. E que, se eu não fosse positiva, eu morreria - embora não dissessem isso diretamente, essa era a mensagem. Aquilo me deixou furiosa. Era a pior coisa que já tinha acontecido comigo e me falavam para pensar que era uma coisa maravilhosa.

ISTOÉ - Como a sra. reagiu e que tipo de apoio esperava?

Barbara - Por sorte, não caí nessa. Porque, se você cai, tem que lutar não somente para aguentar os tratamentos terríveis, mas também fazer um esforço enorme para pensar positivamente. Abaixo a ditadura do pensamento positivo. É como ter uma segunda doença. Queria, sim, ter participado de um grupo em que as mulheres assumissem que não gostavam do que estava acontecendo, mas que tivessem vontade de encontrar formas de mudar as coisas. No passado, por exemplo, os médicos costumavam fazer operações horríveis, como mastectomias radicais, que prejudicavam os movimentos do braço. Feministas e ativistas da saúde protestaram e mudaram isso.

Fotos: divulgação; dado nogueira/ag. bom dia/futur

"O Brasil tem algo de muito especial, que não tem a ver com otimismo, mas com alegria. Nos EUA, primeiro as pessoas teriam que ficar bêbadas para agir assim"

ISTOÉ - Em que outras circunstâncias o pensamento positivo pode ser ruim?

Barbara - Vimos isso claramente com a crise financeira. Estamos acostumados a ouvir que, se pensarmos positivamente, as coisas boas virão. Muita gente pobre ouve isso nas igrejas evangélicas: Deus quer que você seja rico, Deus quer que você tenha uma casa maior. E aí, se alguém lhe oferece uma hipoteca que pareça milagrosa, que você não tenha que provar renda ou pagar um valor de entrada, isso é visto como uma bênção. Esse tipo de pensamento já arruinou muitas vidas.

Nos níveis mais altos do mundo empresarial, também havia essa ideia de que nada poderia dar errado. Se algum funcionário levantasse alguma dúvida, seria mandado embora, porque não queriam trabalhar com pessoas negativas. Em 2006, no agora defunto Lehman Brothers (banco de investimentos americano que faliu no ano passado), o chefe da divisão de imóveis disse ao CEO que estava muito preocupado com a possibilidade de quebra. E esse cara foi demitido. As pessoas não podem continuar se autoenganando continuamente sem correr sérios riscos.

ISTOÉ - Como isso se relaciona com o Brasil, onde as pessoas são consideradas, em pesquisas internacionais, otimistas e felizes?

Barbara - O Brasil tem algo de muito especial a seu favor, que não tem a ver com otimismo ou felicidade. Tem a ver com alegria. A cultura brasileira preservou instituições e costumes que permitem que as pessoas expressem a alegria coletiva. Estive no Rio de Janeiro há alguns anos, mu

Update:

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