Versão dos Setenta: Alexandria – 200 anos antes de Cristo, incluiu os livros que os judeus de Jâmnia, por critérios nacionalistas, rejeitaram. Havia então no início do Cristianismo duas Bíblias judaicas: uma da Palestina (restrita) e a Alexandrina (completa – Versão dos LXX).
Os Apóstolos e Evangelistas optaram pela Bíblia completa dos Setenta (Alexandrina), considerando canônicos os livros rejeitados em Jâmnia.
Das 350 citações do Antigo Testamento que há no Novo, 300 são tiradas da Versão dos Setenta, o que mostra o uso da Bíblia completa pelos apóstolos.
Verificamos também que nos livros do Novo Testamento há citações dos livros que os judeus nacionalistas da Palestina rejeitaram. Por exemplo: Rom 1,12-32 se refere a Sb 13,1-9; Rom 13,1 a Sb 6,3; Mt 27,43 a Sb 2, 13.18; Tg 1,19 a Eclo 5,11; Mt 11,29s a Eclo 51,23-30; Hb 11,34 a 2 Mac 6,18; 7,42; Ap 8,2 a Tb 12,15.
Nos mais antigos escritos dos santos Padres da Igreja (patrística) os livros rejeitados pelos protestantes (deutero-canônicos) são citados como Sagrada Escritura.
São Clemente de Roma, Papa, no ano de 95 escreveu a Carta aos Coríntios, citando Judite, Sabedoria, fragmentos de Daniel, Tobias e Eclesiástico; livros rejeitados pelos protestantes.
Pastor de Hermas, no ano 140, faz amplo uso de Eclesiástico, e do 2 Macabeus;
Santo Hipólito (†234), comenta o Livro de Daniel com os fragmentos deuterocanônicos rejeitados pelos protestantes, e cita como Sagrada Escritura Sabedoria, Baruc, Tobias, 1 e 2 Macabeus.
Vários Concílios confirmaram isto: os Concílios regionais de Hipona (ano 393); Cartago II (397), Cartago IV (419), Trulos (692). Principalmente os Concílios ecumênicos de Florença (1442), Trento (1546) e Vaticano I (1870).
Lutero, ao traduzir a Bíblia para o alemão, traduziu também os sete livros (deuterocanônicos) na sua edição de 1534, e as Sociedades Biblícas protestantes, até o século XIX incluíam os sete livros nas edições da Bíblia.
“Pela Tradição torna-se conhecido à Igreja o Cânon completo dos livros sagrados e as próprias Sagradas Escrituras são nelas cada vez mais profundamente compreendidas e se fazem sem cessar, atuantes.” (DV,8).
A Bíblia não define o seu catálogo; isto é, não há um livro da Bíblia que diga qual é o índice dela. Assim, este só pode ter sido feito pela Tradição dos apóstolos, pela tradição oral que de geração em geração chegou até nós.
A Vulgata – O Papa São Dâmaso (366-384), no século IV, pediu a S.Jerônimo que fizesse uma revisão das muitas traduções latinas que havia da Bíblia. São Jerônimo revisou o texto grego do Novo Testamento e traduziu do hebraico o Antigo Testamento, dando origem ao texto latino chamado de Vulgata, usado até hoje.
Prof. Felipe Aquino
Se não fosse a Igreja Católica, não existiria a Bíblia como a temos hoje, com os 72 livros canônicos, isto é, inspirados pelo Espírito Santo.
“Foi a Tradição apostólica que fez a Igreja discernir que escritos deviam ser enumerados na lista dos Livros Sagrados” (Dei Verbum 8).
Portanto, sem a Tradição da Igreja não teríamos a Bíblia. Santo Agostinho dizia: “Eu não acreditaria no Evangelho, se a isso não me levasse a autoridade da Igreja Católica”(CIC,119).
No que se refere a formação do NT, há uma influência católica em sua formação. Na carta pascoal de 367 d.C., Atanásio de Alexandria escreveu a primeira lista com os 27 livros que viriam a formar o Novo Testamento canônico. O Sínodo de Hipona em 393 d.C. aprovou o Novo Testamento tal como conhecemos hoje, juntamente com os livros da Septuaginta, uma decisão que foi repetida pelo Conselho de Cartago em 397 d.C. e em 419 d.C. Não há consenso acadêmico sobre quando o cânone da Bíblia hebraica (Antigo Testamento) foi compilado: alguns estudiosos argumentam que foi organizado pela dinastia hasmoneana, enquanto outros argumentam que não o foi senão até o segundo século d.C., ou até mesmo mais tarde.
Até que em partes os católicos estão certos, a igreja católica fez uma bíblia pra ela, a original foi feita pelos judeus e a Bíblia prova isso:
Então qual é a vantagem de ser judeu? Será que ser circuncidado tem algum valor? Tem, sim, e de muitas maneiras! E a primeira vantagem é que DEUS ENTREGOU A SUA MENSAGEM AOS CUIDADOS DOS JUDEUS. Romanos 3:1-2.
A Bíblia foi feita pelos judeus, os escribas. A igreja católica apenas organizou o cânon do NT. E quem deixou a Bíblia bonitinha com capa e tudo foi a gráfica.
Os católicos mentem desde o princípio, são filhos de satanás.
Se fosse exatamente a frase "Quem fez a Bíblia foi a ICAR", aí sim, ela teria que ter começado a existir antes do judaísmo.
Acontece que os (apologistas) católicos romanos não afirmam isso.
O que eles dizem é que foi o catolicismo romano que selecionou e decidiu quais os livros deveriam entrar na Bíblia (tanto do AT quanto do NT), ou que preservou seus manuscritos ao longo dos séculos).
Agora, temos que definir o que é ICAR?
Até mais ou menos o século XVI não se usava um "nome" para cada igreja.
Cada uma daquelas que eram, de facto, igrejas, entendiam-se a si mesmas como "A Igreja" (um só, sem nome).
Porém, já não era apenas uma.
Por exemplo, no Ocidente, havia um catolicismo "romano", porque eram os que reconheciam a autoridade superior do Papa, em Roma. E esses católicos romanos se referiam aos que, no Oriente, não reconheciam essa autoridade, de "gregos" (que preferem ser chamados de ortodoxos, "forma correta"). Essa divisão havia desde 1054.
E, além dos gregos, havia as igrejas "não-calcedonianas" e, mais além, os "nestorianos".
Com a Reforma protestante, criou-se o hábito de dar nome às igrejas.
Por exemplo, na Inglaterra, a "Igreja da Inglaterra" (anglicana); na Alemanha, as igrejas "Evangélicas" ou "Luteranas" (cada estado protestante tinha sua própria, mas depois foram se reagrupando); já os calvinistas preferiram o nome "Reformadas", exceto na Escócia, onde era a "Presbiteriana".
A partir daí, o catolicismo romano passou a ser conhecido, não oficialmente, como igreja "Católica Apóstolica Romana".
Mas cada um desses ramos ou grupos considera-se a legítima Igreja "Cristã", "Apostólica", "Católica", "Ortodoxa" e "Evangélica".
Então, quando se fala em ICAR temos que retroceder até a origem do Papado romano.
Para os próprios católicos romanos, isso não é mistério: Jesus legou as chaves do Céu a Pedro; Pedro viajou e foi até Roma, virou bispo. Então, ele e todos os seus sucessores são Papas, e qualquer coisas que tenha sido decidida ou realizada desde então é obra da ICAR.
Historicamente, não é.
Roma tinha, às vezes, uma ascendência moral sobre as demais sedes metropolitanas. Em outros momentos, não tinha nenhuma. E, mesmo assim, os bispos de Roma não podiam nomear e nem destituir os outros bispos.
Se você afimar que Atanásio de Alexandria era um católico romano, os cristãos coptas irão achar muito estranho e os ortodoxos também.
Foi ele que, por volta de 370, escreveu uma carta listando os 27 livros do NT.
Se for esse o critério, então teremos que concordar que quem "fechou" o canon da Bíblia foram os coptas do Egito, o que também não faz sentido.
E tem mais o AT.
Quando o cristianismo começou a ser divulgado, já existia uma tradução do hebraico para o grego, feita (segundo uma lenda) por 70 sábios judeus de Alexandria (LXX ou Septuaginta).
Acabou acontecendo que a maioria dos cristãos (ao menos depois do ano 70) eram falantes do grego, e provavelmente nunca tinham sido judeus, e eles começaram a usar só essa versão grega, a ponto que no fim nem os judeus queriam mais usar a LXX.
(depois eles fizeram a própria deles, a de Aquila, e que não incluia os livros e trechos de livros considerados "estranhos" à tradição israelita - por vários motivos diferentes, menos o "nacionalismo")
Era natural que, na hora de juntar o AT com o NT, os cristãos incluíssem toda a LXX, mais os 27 citados por Atanásio (mas que, provavelmente, já eram reconhecidos antes). Mesmo assim, não houve consenso...
O canon católico romano fechou com 72 livros (sendo que 7 estão na LXX, e não da Tanach judaica).
Já o canon ortodoxo grego colocou mais 1, e mais um trecho: total, 73. Só os coptas da Etiópia colocaram a LXX inteira, somando 78 livros.
Com os protestantes, foi suave.
Eles mantiveram no início a tradição medieval de aceitar a LXX, mas com a ressalva que os que não estivessem contidos na Tanakh judaica eram de autoridade inferior. Ainda algumas edições luteranas seguem essa ressalva...
Até o dia em que começaram a imprimir Bíblias de preço mais barato, e aí aqueles 7 foram suprimidos (sendo nenhuma decisão teológica, só editorial).
Total: 66 livros.
Quem decidiu quais livros devem entrar na Bíblia?
Foi o uso consagrado ao longo do tempo, tanto no caso do AT quanto do NT.
Nenhum sínodo, nem bispo determinou quem são os livros. Eles, no máximo, apenas seguiram o fluxo...
Quem preservou os manuscritos?
Foi o clima!
Os monges não conservavam muito bem os escritos. Eram mal usados, rabiscados, às vezes se apagava para escrever outro texto por cima. Até usavam para fazer fogo. Só sobreviveram os que ficaram esquecidos, ou enterrados no deserto. A umidade destroi os manuscritos, e talvez por isso 90% dos manuscritos sejam do Alto Egito, onde não chove nunca.
Quem compilou a Bíblia?
Ninguém!
Compilar é reunir diferentes os textos em um só, formando uma harmonia. Não existe essa harmonia na Bíblia. Temos 4 evangelhos narrando quase as mesmas coisas. Se fosse compilar, ficaria tudo em um!
Porém, quando se trata de manuscritos pré-nicenos, há razoáveis diferenças entre eles.
(em alguns casos, divergências sérias).
Depois de Niceia, parece que houve uma uniformização. No Ocidente, foi feito de uma vez (o papa mandou Jerônimo traduzir tudo para o latim, e depois foi decidido que seria a única versão; foi assim por mil anos). No Oriente, foi feito aos poucos, resultando no texto bizantino, que depois foi a base do texto do NT protestante.
Nesse ponto, os protestantes se adiantaram: eles traduziram o AT massoretico hebraico e mais o NT bizantino, dando origem àquelas traduções "rígidas" (uma para cada língua), que não mudam há 300 anos!
Os católicos romanos e os ortodoxos começaram a corrigir os erros textuais bem mais tarde, saindo dezenas de versões.
Engraçado... os evangélicos, que são milhares, só querem saber de uma tradução; e os católicos, que são de uma igreja só, se dividem em 4 ou 5.
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Versão dos Setenta: Alexandria – 200 anos antes de Cristo, incluiu os livros que os judeus de Jâmnia, por critérios nacionalistas, rejeitaram. Havia então no início do Cristianismo duas Bíblias judaicas: uma da Palestina (restrita) e a Alexandrina (completa – Versão dos LXX).
Os Apóstolos e Evangelistas optaram pela Bíblia completa dos Setenta (Alexandrina), considerando canônicos os livros rejeitados em Jâmnia.
Das 350 citações do Antigo Testamento que há no Novo, 300 são tiradas da Versão dos Setenta, o que mostra o uso da Bíblia completa pelos apóstolos.
Verificamos também que nos livros do Novo Testamento há citações dos livros que os judeus nacionalistas da Palestina rejeitaram. Por exemplo: Rom 1,12-32 se refere a Sb 13,1-9; Rom 13,1 a Sb 6,3; Mt 27,43 a Sb 2, 13.18; Tg 1,19 a Eclo 5,11; Mt 11,29s a Eclo 51,23-30; Hb 11,34 a 2 Mac 6,18; 7,42; Ap 8,2 a Tb 12,15.
Nos mais antigos escritos dos santos Padres da Igreja (patrística) os livros rejeitados pelos protestantes (deutero-canônicos) são citados como Sagrada Escritura.
São Clemente de Roma, Papa, no ano de 95 escreveu a Carta aos Coríntios, citando Judite, Sabedoria, fragmentos de Daniel, Tobias e Eclesiástico; livros rejeitados pelos protestantes.
Pastor de Hermas, no ano 140, faz amplo uso de Eclesiástico, e do 2 Macabeus;
Santo Hipólito (†234), comenta o Livro de Daniel com os fragmentos deuterocanônicos rejeitados pelos protestantes, e cita como Sagrada Escritura Sabedoria, Baruc, Tobias, 1 e 2 Macabeus.
Vários Concílios confirmaram isto: os Concílios regionais de Hipona (ano 393); Cartago II (397), Cartago IV (419), Trulos (692). Principalmente os Concílios ecumênicos de Florença (1442), Trento (1546) e Vaticano I (1870).
Lutero, ao traduzir a Bíblia para o alemão, traduziu também os sete livros (deuterocanônicos) na sua edição de 1534, e as Sociedades Biblícas protestantes, até o século XIX incluíam os sete livros nas edições da Bíblia.
“Pela Tradição torna-se conhecido à Igreja o Cânon completo dos livros sagrados e as próprias Sagradas Escrituras são nelas cada vez mais profundamente compreendidas e se fazem sem cessar, atuantes.” (DV,8).
A Bíblia não define o seu catálogo; isto é, não há um livro da Bíblia que diga qual é o índice dela. Assim, este só pode ter sido feito pela Tradição dos apóstolos, pela tradição oral que de geração em geração chegou até nós.
A Vulgata – O Papa São Dâmaso (366-384), no século IV, pediu a S.Jerônimo que fizesse uma revisão das muitas traduções latinas que havia da Bíblia. São Jerônimo revisou o texto grego do Novo Testamento e traduziu do hebraico o Antigo Testamento, dando origem ao texto latino chamado de Vulgata, usado até hoje.
Prof. Felipe Aquino
Se não fosse a Igreja Católica, não existiria a Bíblia como a temos hoje, com os 72 livros canônicos, isto é, inspirados pelo Espírito Santo.
“Foi a Tradição apostólica que fez a Igreja discernir que escritos deviam ser enumerados na lista dos Livros Sagrados” (Dei Verbum 8).
Portanto, sem a Tradição da Igreja não teríamos a Bíblia. Santo Agostinho dizia: “Eu não acreditaria no Evangelho, se a isso não me levasse a autoridade da Igreja Católica”(CIC,119).
No que se refere a formação do NT, há uma influência católica em sua formação. Na carta pascoal de 367 d.C., Atanásio de Alexandria escreveu a primeira lista com os 27 livros que viriam a formar o Novo Testamento canônico. O Sínodo de Hipona em 393 d.C. aprovou o Novo Testamento tal como conhecemos hoje, juntamente com os livros da Septuaginta, uma decisão que foi repetida pelo Conselho de Cartago em 397 d.C. e em 419 d.C. Não há consenso acadêmico sobre quando o cânone da Bíblia hebraica (Antigo Testamento) foi compilado: alguns estudiosos argumentam que foi organizado pela dinastia hasmoneana, enquanto outros argumentam que não o foi senão até o segundo século d.C., ou até mesmo mais tarde.
Até que em partes os católicos estão certos, a igreja católica fez uma bíblia pra ela, a original foi feita pelos judeus e a Bíblia prova isso:
Então qual é a vantagem de ser judeu? Será que ser circuncidado tem algum valor? Tem, sim, e de muitas maneiras! E a primeira vantagem é que DEUS ENTREGOU A SUA MENSAGEM AOS CUIDADOS DOS JUDEUS. Romanos 3:1-2.
Caraca véi, tu ta enganado ou age de má fé, se foi a Igreja Católica que preservou as escrituras e as juntou formando uma bíblia
é verdade. Pra que querer esconder agora? Larga mão disso, tu é tolo ou foi cegado.
a bíblia foi composta de escritos antigos, mas aconteceu a inspiração de Deus, para que os escritos corretos fizessem parte dela.
Prezado evangélico, você entendeu errado ou a pergunta foi mal feita.
Todos sabemos que o NT foi escrito pelos monges católicos no século III.
Sim!
A Bíblia foi feita pelos judeus, os escribas. A igreja católica apenas organizou o cânon do NT. E quem deixou a Bíblia bonitinha com capa e tudo foi a gráfica.
Os católicos mentem desde o princípio, são filhos de satanás.
Se fosse exatamente a frase "Quem fez a Bíblia foi a ICAR", aí sim, ela teria que ter começado a existir antes do judaísmo.
Acontece que os (apologistas) católicos romanos não afirmam isso.
O que eles dizem é que foi o catolicismo romano que selecionou e decidiu quais os livros deveriam entrar na Bíblia (tanto do AT quanto do NT), ou que preservou seus manuscritos ao longo dos séculos).
Agora, temos que definir o que é ICAR?
Até mais ou menos o século XVI não se usava um "nome" para cada igreja.
Cada uma daquelas que eram, de facto, igrejas, entendiam-se a si mesmas como "A Igreja" (um só, sem nome).
Porém, já não era apenas uma.
Por exemplo, no Ocidente, havia um catolicismo "romano", porque eram os que reconheciam a autoridade superior do Papa, em Roma. E esses católicos romanos se referiam aos que, no Oriente, não reconheciam essa autoridade, de "gregos" (que preferem ser chamados de ortodoxos, "forma correta"). Essa divisão havia desde 1054.
E, além dos gregos, havia as igrejas "não-calcedonianas" e, mais além, os "nestorianos".
Com a Reforma protestante, criou-se o hábito de dar nome às igrejas.
Por exemplo, na Inglaterra, a "Igreja da Inglaterra" (anglicana); na Alemanha, as igrejas "Evangélicas" ou "Luteranas" (cada estado protestante tinha sua própria, mas depois foram se reagrupando); já os calvinistas preferiram o nome "Reformadas", exceto na Escócia, onde era a "Presbiteriana".
A partir daí, o catolicismo romano passou a ser conhecido, não oficialmente, como igreja "Católica Apóstolica Romana".
Mas cada um desses ramos ou grupos considera-se a legítima Igreja "Cristã", "Apostólica", "Católica", "Ortodoxa" e "Evangélica".
Então, quando se fala em ICAR temos que retroceder até a origem do Papado romano.
Para os próprios católicos romanos, isso não é mistério: Jesus legou as chaves do Céu a Pedro; Pedro viajou e foi até Roma, virou bispo. Então, ele e todos os seus sucessores são Papas, e qualquer coisas que tenha sido decidida ou realizada desde então é obra da ICAR.
Historicamente, não é.
Roma tinha, às vezes, uma ascendência moral sobre as demais sedes metropolitanas. Em outros momentos, não tinha nenhuma. E, mesmo assim, os bispos de Roma não podiam nomear e nem destituir os outros bispos.
Se você afimar que Atanásio de Alexandria era um católico romano, os cristãos coptas irão achar muito estranho e os ortodoxos também.
Foi ele que, por volta de 370, escreveu uma carta listando os 27 livros do NT.
Se for esse o critério, então teremos que concordar que quem "fechou" o canon da Bíblia foram os coptas do Egito, o que também não faz sentido.
E tem mais o AT.
Quando o cristianismo começou a ser divulgado, já existia uma tradução do hebraico para o grego, feita (segundo uma lenda) por 70 sábios judeus de Alexandria (LXX ou Septuaginta).
Acabou acontecendo que a maioria dos cristãos (ao menos depois do ano 70) eram falantes do grego, e provavelmente nunca tinham sido judeus, e eles começaram a usar só essa versão grega, a ponto que no fim nem os judeus queriam mais usar a LXX.
(depois eles fizeram a própria deles, a de Aquila, e que não incluia os livros e trechos de livros considerados "estranhos" à tradição israelita - por vários motivos diferentes, menos o "nacionalismo")
Era natural que, na hora de juntar o AT com o NT, os cristãos incluíssem toda a LXX, mais os 27 citados por Atanásio (mas que, provavelmente, já eram reconhecidos antes). Mesmo assim, não houve consenso...
O canon católico romano fechou com 72 livros (sendo que 7 estão na LXX, e não da Tanach judaica).
Já o canon ortodoxo grego colocou mais 1, e mais um trecho: total, 73. Só os coptas da Etiópia colocaram a LXX inteira, somando 78 livros.
Com os protestantes, foi suave.
Eles mantiveram no início a tradição medieval de aceitar a LXX, mas com a ressalva que os que não estivessem contidos na Tanakh judaica eram de autoridade inferior. Ainda algumas edições luteranas seguem essa ressalva...
Até o dia em que começaram a imprimir Bíblias de preço mais barato, e aí aqueles 7 foram suprimidos (sendo nenhuma decisão teológica, só editorial).
Total: 66 livros.
Quem decidiu quais livros devem entrar na Bíblia?
Foi o uso consagrado ao longo do tempo, tanto no caso do AT quanto do NT.
Nenhum sínodo, nem bispo determinou quem são os livros. Eles, no máximo, apenas seguiram o fluxo...
Quem preservou os manuscritos?
Foi o clima!
Os monges não conservavam muito bem os escritos. Eram mal usados, rabiscados, às vezes se apagava para escrever outro texto por cima. Até usavam para fazer fogo. Só sobreviveram os que ficaram esquecidos, ou enterrados no deserto. A umidade destroi os manuscritos, e talvez por isso 90% dos manuscritos sejam do Alto Egito, onde não chove nunca.
Quem compilou a Bíblia?
Ninguém!
Compilar é reunir diferentes os textos em um só, formando uma harmonia. Não existe essa harmonia na Bíblia. Temos 4 evangelhos narrando quase as mesmas coisas. Se fosse compilar, ficaria tudo em um!
Porém, quando se trata de manuscritos pré-nicenos, há razoáveis diferenças entre eles.
(em alguns casos, divergências sérias).
Depois de Niceia, parece que houve uma uniformização. No Ocidente, foi feito de uma vez (o papa mandou Jerônimo traduzir tudo para o latim, e depois foi decidido que seria a única versão; foi assim por mil anos). No Oriente, foi feito aos poucos, resultando no texto bizantino, que depois foi a base do texto do NT protestante.
Nesse ponto, os protestantes se adiantaram: eles traduziram o AT massoretico hebraico e mais o NT bizantino, dando origem àquelas traduções "rígidas" (uma para cada língua), que não mudam há 300 anos!
Os católicos romanos e os ortodoxos começaram a corrigir os erros textuais bem mais tarde, saindo dezenas de versões.
Engraçado... os evangélicos, que são milhares, só querem saber de uma tradução; e os católicos, que são de uma igreja só, se dividem em 4 ou 5.
Não foi a Igreja Católica que fez a bíblia, ela preservou as escrituras do antigo
e novo testamento. Também compilou a bíblia, decidiu os livros que formam a bíblia sagrada.