"Sob que condições o homem inventou para si os juízos de valor 'bom' e 'mau'? Que valor têm eles? Obstruíram ou promoveram até agora o crescimento do homem? São indícios de miséria, empobrecimento, degeneração da vida? Ou, ao contrário, revela-se neles a plenitude, a força, a vontade de vida? (...) O próprio valor destes valores deverá ser colocado em questão"
Nietzsche
OBs: A um ano atrás fiz esta mesma pergunta e recebi pouquíssimas respostas. Gostaria de ver então, o que mudou no pensamento dos "pensadores do Yahoo"
abraços e amor a todos.
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Fedra,
Eu diria que existe uma definição única de bom ou mau para cada “algo” que analisamos.
Mas também arriscaria que a definição “única” do bom ou mau pode ser comparada àquela afirmação dada pelo Einstein, em sua análise quanto ao tamanho de nosso mundo, quando ele diz de que o mundo material é infinito, mas tem fronteiras. Diria que há uma oscilação na reta que aponta o alvo de nossa busca, e nosso objetivo está sempre por ser alcançado, estaria sempre um pouco mais centrado, um pouco mais para um lado, um pouco mais para o outro, ou um pouco mais adiante.
Ou de outra forma, diria que o conhecimento e a diferenciação, do bom e do mau, estaria ligada até à própria evolução de cada um. Ou seja, a diferenciação entre o bom e o mau, anda junto à nossa evolução, quanto mais evoluímos mais distinguimos as diferenças e mais sabemos sobre aquilo que representa o bom, e o que representa o mau. Quando evoluímos enxergamos melhor as diferenças e quando as absorvemos, parece que novamente vislumbramos um novo passo, a ser buscado.
Acredito que muitas vezes, temos que lutar contra as regras impostas pela sociedade, de muitos, que querem se apoiar em falsos conceitos que alguns elegeram como “bom”, e que muitas vezes somente representam interesses daqueles que impõe, e por estarem longe das verdades são na verdade o “mau” que tanto prejuízo traz.
Dentro de nossa caminhada, acabamos encontrando alguns pilares, que nos dão apoio nesse entendimento. Acredito que nossa busca pela verdade é fundamental e deve ser exercida sempre sem medo, pois podemos ter certeza que o grande organizador disso tudo, nos apóia nessa busca. Temos ferramentas importantes como a razão, a lógica, e também nos é dada uma consciência que nos aponta e nos diz quando há algo errado ou certo, naturalmente. Acredito também que a liberdade é fundamental, pois temos que estar com ela, para transitarmos por esses caminhos e até seguirmos nossas intuições, ás vezes tão importantes.
Fedra,
sempre um Grande Abraço, e muita Paz.
Fedra
Esse questionamento de Nietzsche é a base do livro Genealogia da Moral. O questionamento sobre os binomios bem e mal, bom e mau.
A critica que ele faz desses valores é que eles degrinem os verdadeiros valores da vida, o desejo da conquista, do orgulho. O crescimento do homem é mais individual do que coletivo neste sentido da pergunta. E este crescimento do homem individual, de individuos singulares foi denigrido em favor do coletivo das outras pessoas. O homem foi transformado em um "animal do rebanho" na visão de Nietzsche.
Tchau! ^.^
A invenção do bem e do mal é uma tentativa de se estabelecer certos valores morais, que possibilitem uma convivência, digamos assim, mais adequada entre os homens.
Dessa forma, não vejo a criação da ética como uma manobra de cerceamento do comportamento humano, mas sim como uma maneira de se tentar incutir a ideia da virtuosidade no homem.
E a virtude, esta só pode servir para o crescimento do homem, pois mesmo que muitos não se comportem assim, já me bastam os outros tantos que entendem o seu valor.
Espero não ter falado muita bobagem.
Um grande abraço.
Boa noite amiga querida...!
Amiga, o mau está onde há ausência do bem. E muito dos seres estão
estacionados em seus processos de evolução, moral e intelectual.
Muitos, do alto de suas posições sociais mais elevadas, cultivam o
egoísmo e a indiferença, alguns vendem palavras vazias, que são como
folhas secas que o vento leva, outros, cultivam a revolta ´pela falta dos
valores monetários, assim, degeneram-se para a vida. Deveriam sim,
sempre discutir os valores, abrir o coração as coisas dignas da vida,
como fez todos os sábios que visitaram o mundo, do Oriente ao Ocidente,
todos tiveram informações dos verdadeiros valores que dignificam o ser.
Fará o uso deles, aquele que tiver maior apetite por seu crescimento...
Beijos amiga!
Olá Fedra, eu acredito que os conceitos de bem e mal, de bom e mau, promovem o crescimento do homem, sem essa bipolaridade a vida se tornaria um verdadeiro caos, perderia completamente o sentido, o exercício de diferenciar uma coisa da outra produz automaticamente evolução, quem não exercita o seu poder de discernimento é como um escultor que prefere não transformar a pedra em obra de arte.
Abraço Fedra.
Querida amiga Fedra,
Os juízos de valor entre o que é bom e o que é mau foram descobertos pelo homem sob as condições de tornar a sobrevivência viável. Quando ele entendeu que viver em sociedade era fundamental para as suas conquistas tanto de caça e coleta quanto de território, ele precisou, desde os primórdios, estabelecer nessas relações, alguns códigos de conduta. Assim, nasciam as noções do que é bom e do que é mau. De cultura para cultura essas noções variam, pois cada cultura tem uma cosmovisão que lhe é própria. Mas basicamente, esses valores servem ao propósito milenar da necessidade de convivência entre os homens.
Mas será que os homens tiveram discernimento para fazer sempre as escolhas certas? Toda cultura tem sua moral, mas isso não significa que há sempre uma postura ética nem na própria cultura, muito menos diante de uma cultura diferente. A tolerância entre as culturas ainda é um dos nossos grandes desafios para que a humanidade evolua.
Todo esse deficit na evolução do homem não é resultado dos valores convencionados como bons ou ruins, a não ser que haja deturpação, mas na forma como cada sociedade tem competência para decidir e discernir o que é melhor para si. Um exemplo disso, são os modelos econômicos adotados, estes sim, resultando nas chagas sociais tão conhecidas como a miséria, o empobrecimento e a degeneração da vida. Milton Santos já dizia que vivemos tempos em que o dinheiro é o grande fundamentalista, e ele estava certo. Devemos questionar a moral de um sistema que já nasceu antiético e imoral que é o sistema capitalista, onde seu sustento dar-se justamente por um grande desequilíbrio em que há muito ricos numa pequena extremidade e uma esmagadora maioria de pobres e explorados numa outra extremidade.
Apenas os valores sadios podem revelar a plenitude, a força, a vontade de vida.
Beijos.
Querida Fedra,
Eu penso que o próprio homem obstruiu e ainda continua obstruindo o seu próprio caminho.
Com o viver em sociedade, o homem passou a necessitar de um código de conduta, que colocasse em ordem a vida social.Nesse sentido, crio eu surgiram os juízos, dos quais você cita no enunciado e muitos outros.
O problema é que o homem buscou muitas invenções e nelas, se perdeu e creio que até hoje, ainda não se encontrou.
Assim penso eu.
Um abraço, minha amiga!
Fedra, se olharmos para o lado material, perceberemos que a minoria obteve um crescimento financeiro e tecnológico. Digo minoria porque tem uma grande quantidade de pessoas que vive na mais completa miséria, sem ter o que comer, sem ter onde morar, enquanto muitos desfrutam de muitas coisas.
Na questão da espiritualidade, acredito que a maioria não progrediu ainda. Muitos nem valores têm, nem querem saber de ter uma alma elevada, mesmo assim, ainda há aqueles com toda sua força de vontade, o brilho nos olhos, dignidade, ainda há aqueles que lutam por um lugar melhor e ainda têm fé que suas vidas podem melhorar.
Abçs Fedra:)
Olá Fedra,
É impossível estudar e absorver Schopenhauer e não se sentir deprimido, porque há um sentido de aniquilação, desesperança e um fatalismo no viver que permeia todo seu pensamento.
E é por essa e dessa mesma angústia filosófica que Nietzsche construiu seu desvario que o acompanhou pela vida até a loucura final.
Evidentemente SÃO questionáveis as conceituações de Bom e Mau, assim como de Bem e Mal como definições constantes; como pertinentes à essência humana, não sujeitas à aculturação das sociedades.
Porque não são constantes cosmológicas (lembrando Einstein) que resolvem as equações humanas, valorações temporais e variáveis, nunca absolutas. Válidas para um "momentum".
Ainda que haja uma universalidade de Bem e Mal, Bom e Mau, há gradações para sua absorção. Primeiro há um gradiente de valores que vai de um ponto a outro. Não há uma dicotomia.
Com "...Zaratustra" e essa valoração dualista, estamos às voltas com o maniqueísmo que, este sim, "Obstrui" o desenvolvimento do homem porque os coloca em conflito como opostos e não como entes em transição, ligados. Isto é do deus a quem Nietzsche lavrou o atestado de óbito.
A dificuldade que Nietzsche teve em conciliar sua espiritualidade latente (queria ser Pastor) e os conflitos da incompreensão da metafísica e do divino embaçados pela imperfeição das religiões que conheceu, é que causaram esse turbilhão de conceitos de difícil cristalização.
Com o que racionalizamos hoje, sabemos que há valores absolutos, mas extraímos sempre uma pequena parte (aculturamento). Entendemos que a tomada de consciência do que a sociedade - que é composta de essências espirituais mais ou menos afins - aceita como bom em qualquer ponto da escala, PROMOVE O CRESCIMENTO DO HOMEM, ainda que sempre seja questionável essa escala. Não há nada de errado nisso. É da evolução humana.
O homem espiritual não nasceu pronto como as religiões ensinam.
Nietzche morreu louco e deixou mais perguntas que respostas. E ficaram todas para votação, pode conferir.
Um abraço.
Paz sempre!
O que acontece é que Nietzsche elaborava desta forma essa questão, desse jeito assim bem "em cima do muro" propositadamente. Trata-se do prisma filosófico de comparação da moral do homem superior e da do homem inferior. Ele sempre partia do ponto de crítica à moral do homem inferior, filosofava como que pelos olhos do inferior, para que a seus leitores ficasse claro que a moral do inferior é a do submisso, da ovelha, o que implica desprezo à vida, pois a ovelha não consegue enxergar todo o valor que a vida tem, ele no máximo respeita a vida, mas não a promove, não a encoraja a crescer, não a mima, não a ama profundamente. Ele fazia quase como uma psicologia reversa, propagandeando o que era ruim, para melhorar implicitamente o aspecto do que é o ideal - a moral do homem superior, de grande adoração à vida.
Obviamente ele sabia o que era bom, e o que era mau. Obviamente ele sabia que do discernimento entre ambos depende a evolução de qualquer ser humano, individualmente considerado, e da sociedade humana, coletivamente considerada.
Considerando humanamente a questão, mal - lato sensu - é todo ato, ação ou omissão que seja prejudicial à vida (de um ser vivo ou da natureza). Prejudicial à vida dos seres, à vida do planeta, ou até à vida do universo (saindo um pouco do nosso planetinha e supondo a existência de vida fora dele). Bem é o oposto. É todo ato que combate o mal, isto é, que previne que qualquer ato, ação ou omissão (de um ser vivo ou da natureza) possa vir a prejudicar a vida, dos seres, do planeta, ou do universo. Logo, ambos têm existência concreta. Se algo prejudica a vida, qualquer vida, é algo MAL. Claro que a relatividade nos mostra que certas coisas podem ser julgadas erroneamente - inicialmente - como RUINS, por sacrificarem um pouco da vida no começo, mas apenas para depois promovê-la.
Que questão hein?
Não entendi a quem você se refere, exatamente...
Quem seria esses que tem esse poder.. a Sociedade, a Religião, o Poder Econômico?
Minha forma de pensar, tentando ser o mais simples possível:
O que o homem realmente busca?
A felicidade? mas para quê? para ter prazer... mas para que prazer? Para ter PODER...
Poder, esse é o último desejo do ser humano... dele surgiu todo o conceito de virtudes que conheçemos.
Um dos dilemas que Nietszke nos apresentou foi se a moral foi inventada pelos fortes para subjugar os fracos ou o inverso, inventada pelos fracos para freiar os fortes.
Eu acredito que ambas as formas... os juízos de valor 'bom' e 'mau' foram determinados por este tremendo embate, entre uma minoria favorecida e poderosa e uma maioria enfurecida, porém desunida.
Um exemplo: preconceito é crime? Pela lei, você tem todo o direito de ser racista, mas é crime manifestar isso publicamente. Acho que é um bom exemplo.
A humanidade vive seu momento imperial... têm crescido a passos lentos, mas firmes... evoluimos, mesmo que não conseguimos perceber (mas como poderíamos, se só estamos vivendo agora?)...
Mas todo o império tem ascensão... e queda...
Vixxx... difícil eu escrever tanto numa resposta... mas foi um ótimo exercício... bela postagem.