A palavra silepse vem do grego e significa ato de compreender, “compreensão”. É uma figura de construção. Trata-se da concordância que acontece, não com o que está explícito na frase, mas com o que está mentalmente subentendido, com o que está oculto. É, portanto, uma concordância ideológica, que ocorre com a ideia que o falante quer transmitir. É também chamada de concordância irregular.
Há três tipos de silepse:
Silepse de pessoa
Todos nesta sala somos gaúchos. Nesta frase, o verbo somos não concorda com o sujeito claro Todos, que é da 3ª pessoa, portanto, a concordância "normal" seria Todos nesta sala são gaúchos. O verbo concorda com a ideia nele implícita. O falante se inclui entre os gaúchos.
Para entender melhor este tipo de concordância, é preciso recordar uma regra que diz: Quando o sujeito for composto de pessoas diferentes (eu, tu, ele), do qual faça parte o EU, o verbo vai para a 1ª pessoa do plural. Exemplo: Tu, ele e eu fomos ao cinema ontem.
Logo, no exemplo acima, a ideia subentendida é o EU, que representa a pessoa que fala.
Silepse de número
O gaúcho é bravo e forte. Não fogem da luta.
O verbo fugir – fogem – não concorda com o sujeito o gaúcho, e sim com o que ele representa: os gaúchos.
Observação: Estamos ciente. Nesta frase, o sujeito é da primeira pessoa do plural (nós) e o predicativo é usado no singular, porque se trata de uma pessoa. É o que se chama de “plural de modéstia”. Em vez de o verbo ser empregado na 1ª pessoa do singular, é usado na 1ª pessoa do plural. Muito empregado por escritores e oradores, principalmente políticos, para evitar o tom individualista no discurso, expressando uma fala coletiva.
Silepse de gênero
Porto Alegre é linda. Vista daqui parece um jardim.
Nesse caso, os adjetivos linda e vista não concordam com o substantivo Porto Alegre, mas com a palavra cidade. Este tipo de silepse ocorre principalmente com:
Pronomes de tratamento: Vossa Senhoria foi taxativo em seu discurso.
Subentende-se neste exemplo que a pessoa representada pelo pronome Vossa Senhoria é do sexo masculino.
Com nomes de cidades: São Paulo está muito poluída.
O adjetivo poluída concorda com cidade, que está subentendida.
Com a expressão “a gente”: A gente é novo ainda.
O adjetivo novo não concorda com a gente, levando a entender que o falante é do sexo masculino.
A silepse é muito empregada na linguagem coloquial, mas grandes escritores também a utilizaram em suas obras. Eis alguns exemplos:
“Sobre a triste Ouro Preto o ouro dos astros chove.” – Olavo Bilac. “Nuvens baixas e grossas ocultavam Ilhéus, vista dali em mar grande e livre.” – Adonias Filho. “À certa altura, a gente tem que estar cansado.” – Fernando Pessoa. “Corria gente de todos os lados, e gritavam.” – Mário Barreto. “O casal de patos nada disse, pois a voz das ipecas é só um sopro. Mas espadanaram, ruflaram e voaram embora.” – Guimarães Rosa. “Aliás todos os sertanejossomos assim.” – Raquel de Queirós. “Ficamos por aqui, insatisfeitos, os seus amigos.” – Carlos Drummond de Andrade. “Dizem que os cariocas somos pouco dados aos jardins públicos” – Machado de Assis. “Esta gente já terá vindo? Parece que não. Saíram há um bom pedaço.” - Machado de Assis. “E os dois, ali no quarto, picamos em mil pedaços as trezentas páginas do livro.” - Paulo Setubal.
Obs: desgastada pelo uso, a silepse não representa recurso expressivo da língua portuguesa, pelo menos no Brasil.
Nesse caso, os adjetivos linda e vista não concordam com o substantivo Porto Alegre, mas com a palavra cidade. Este tipo de silepse ocorre principalmente com:
Pronomes de tratamento: Vossa Senhoria foi taxativo em seu discurso.
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A palavra silepse vem do grego e significa ato de compreender, “compreensão”. É uma figura de construção. Trata-se da concordância que acontece, não com o que está explícito na frase, mas com o que está mentalmente subentendido, com o que está oculto. É, portanto, uma concordância ideológica, que ocorre com a ideia que o falante quer transmitir. É também chamada de concordância irregular.
Há três tipos de silepse:
Silepse de pessoa
Todos nesta sala somos gaúchos. Nesta frase, o verbo somos não concorda com o sujeito claro Todos, que é da 3ª pessoa, portanto, a concordância "normal" seria Todos nesta sala são gaúchos. O verbo concorda com a ideia nele implícita. O falante se inclui entre os gaúchos.
Para entender melhor este tipo de concordância, é preciso recordar uma regra que diz: Quando o sujeito for composto de pessoas diferentes (eu, tu, ele), do qual faça parte o EU, o verbo vai para a 1ª pessoa do plural. Exemplo: Tu, ele e eu fomos ao cinema ontem.
Logo, no exemplo acima, a ideia subentendida é o EU, que representa a pessoa que fala.
Silepse de número
O gaúcho é bravo e forte. Não fogem da luta.
O verbo fugir – fogem – não concorda com o sujeito o gaúcho, e sim com o que ele representa: os gaúchos.
Observação: Estamos ciente. Nesta frase, o sujeito é da primeira pessoa do plural (nós) e o predicativo é usado no singular, porque se trata de uma pessoa. É o que se chama de “plural de modéstia”. Em vez de o verbo ser empregado na 1ª pessoa do singular, é usado na 1ª pessoa do plural. Muito empregado por escritores e oradores, principalmente políticos, para evitar o tom individualista no discurso, expressando uma fala coletiva.
Silepse de gênero
Porto Alegre é linda. Vista daqui parece um jardim.
Nesse caso, os adjetivos linda e vista não concordam com o substantivo Porto Alegre, mas com a palavra cidade. Este tipo de silepse ocorre principalmente com:
Pronomes de tratamento: Vossa Senhoria foi taxativo em seu discurso.
Subentende-se neste exemplo que a pessoa representada pelo pronome Vossa Senhoria é do sexo masculino.
Com nomes de cidades: São Paulo está muito poluída.
O adjetivo poluída concorda com cidade, que está subentendida.
Com a expressão “a gente”: A gente é novo ainda.
O adjetivo novo não concorda com a gente, levando a entender que o falante é do sexo masculino.
A silepse é muito empregada na linguagem coloquial, mas grandes escritores também a utilizaram em suas obras. Eis alguns exemplos:
“Sobre a triste Ouro Preto o ouro dos astros chove.” – Olavo Bilac. “Nuvens baixas e grossas ocultavam Ilhéus, vista dali em mar grande e livre.” – Adonias Filho. “À certa altura, a gente tem que estar cansado.” – Fernando Pessoa. “Corria gente de todos os lados, e gritavam.” – Mário Barreto. “O casal de patos nada disse, pois a voz das ipecas é só um sopro. Mas espadanaram, ruflaram e voaram embora.” – Guimarães Rosa. “Aliás todos os sertanejossomos assim.” – Raquel de Queirós. “Ficamos por aqui, insatisfeitos, os seus amigos.” – Carlos Drummond de Andrade. “Dizem que os cariocas somos pouco dados aos jardins públicos” – Machado de Assis. “Esta gente já terá vindo? Parece que não. Saíram há um bom pedaço.” - Machado de Assis. “E os dois, ali no quarto, picamos em mil pedaços as trezentas páginas do livro.” - Paulo Setubal.
Obs: desgastada pelo uso, a silepse não representa recurso expressivo da língua portuguesa, pelo menos no Brasil.
Silepse é uma figura de construção que trata da concordância que acontece não com o que está explÃcito na frase, mas com o que está mentalmente subentendido, com o que está oculto. Ã, portanto, uma concordância ideológica, que ocorre com a ideia que o falante quer transmitir. à também chamada de concordância irregular. O termo silepse vem do grego e significa “ato de compreender”, “compreensão”.
Na linguagemA palavra silepse vem do grego e significa ato de compreender, “compreensão”. à uma figura de construção. Trata-se da concordância que acontece, não com o que está explÃcito na frase, mas com o que está mentalmente subentendido, com o que está oculto. Ã, portanto, uma concordância ideológica, que ocorre com a ideia que o falante quer transmitir. à também chamada de concordância irregular.
Há três tipos de silepse:
[editar] Silepse de pessoaTodos nesta sala somos gaúchos. Nesta frase, o verbo somos não concorda com o sujeito claro Todos, que é da 3ª pessoa, portanto, a concordância "normal" seria Todos nesta sala são gaúchos. O verbo concorda com a ideia nele implÃcita. O falante se inclui entre os gaúchos.
Para entender melhor este tipo de concordância, é preciso recordar uma regra que diz: Quando o sujeito for composto de pessoas diferentes (eu, tu, ele), do qual faça parte o EU, o verbo vai para a 1ª pessoa do plural. Exemplo: Tu, ele e eu fomos ao cinema ontem.
Logo, no exemplo acima, a ideia subentendida é o EU, que representa a pessoa que fala.
[editar] Silepse de númeroO gaúcho é bravo e forte. Não fogem da luta.
O verbo fugir – fogem – não concorda com o sujeito o gaúcho, e sim com o que ele representa: os gaúchos.
Observação: Estamos ciente. Nesta frase, o sujeito é da primeira pessoa do plural (nós) e o predicativo é usado no singular, porque se trata de uma pessoa. à o que se chama de “plural de modéstia”. Em vez de o verbo ser empregado na 1ª pessoa do singular, é usado na 1ª pessoa do plural. Muito empregado por escritores e oradores, principalmente polÃticos, para evitar o tom individualista no discurso, expressando uma fala coletiva.
[editar] Silepse de gêneroPorto Alegre é linda. Vista daqui parece um jardim.
Nesse caso, os adjetivos linda e vista não concordam com o substantivo Porto Alegre, mas com a palavra cidade. Este tipo de silepse ocorre principalmente com:
Pronomes de tratamento: Vossa Senhoria foi taxativo em seu discurso.
Subentende-se neste exemplo que a pessoa representada pelo pronome Vossa Senhoria é do sexo masculino.
Com nomes de cidades: São Paulo está muito poluÃda.
O adjetivo poluÃda concorda com cidade, que está subentendida.
Com a expressão “a gente”: A gente é novo ainda.
O adjetivo novo não concorda com a gente, levando a entender que o falante é do sexo masculino.
A silepse é muito empregada na linguagem coloquial, mas grandes escritores também a utilizaram em suas obras. Eis alguns exemplos:
“Sobre a triste Ouro Preto o ouro dos astros chove.” – Olavo Bilac. “Nuvens baixas e grossas ocultavam Ilhéus, vista dali em mar grande e livre.” – Adonias Filho. “à certa altura, a gente tem que estar cansado.” – Fernando Pessoa. “Corria gente de todos os lados, e gritavam.” – Mário Barreto. “O casal de patos nada disse, pois a voz das ipecas é só um sopro. Mas espadanaram, ruflaram e voaram embora.” – Guimarães Rosa. “Aliás todos os sertanejossomos assim.” – Raquel de Queirós. “Ficamos por aqui, insatisfeitos, os seus amigos.” – Carlos Drummond de Andrade. “Dizem que os cariocas somos pouco dados aos jardins públicos” – Machado de Assis. “Esta gente já terá vindo? Parece que não. SaÃram há um bom pedaço.” - Machado de Assis. “E os dois, ali no quarto, picamos em mil pedaços as trezentas páginas do livro.” - Paulo Setubal.
Obs: desgastada pelo uso, a silepse não representa recurso expressivo da lÃngua portuguesa, pelo menos no Brasil.